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Representante da Câmara

O representante da Câmara da Cidade do Guarujá saudou, também em língua alemã, os participantes do Congresso Internacional de Estudos Euro-Brasileiros 2002. Ele salientou a alegria de poder também saudar o presidente da Academia Brasil-Europa, amigo de muitos anos e colega da Baronesa Dr. Esther de Almeida Karwinsky, presidente da Associação de Folclore e Artesanato do Guarujá. Esta entidade é uma das mais tradicionais e ativas instituições de pesquisa do litoral, que se dedica há décadas à pesquisa da cultura popular da comunidade, difundindo-a em publicações e contribuindo, assim, à valorização da cultura litorânea do país.

Ele manifestou o seu voto de que o trabalho do congresso na cidade do Guarujá pudesse oferecer impulsos a uma nova fase da cooperação institucional entre o Brasil e a Europa, em particular a Alemanha. A colaboração entre pesquisadores e entidades sempre foi considerado como sendo de grande importância pelo Guarujá, uma vez que a imigração européia foi de relevância extraordinária para a formação cultural do Brasil.

Passou a palavra ao vereador Antonio Addis Filho, do Partido Verde, uma vez que acabara de ser divulgado no Brasil os resultados das eleições na Alemanha, onde esse partido havia desempenhado importante papel.

Das palavras de Antonio Addis Filho

O Brasil possui complexos culturais riquíssimos, altamente diversificados, e por isso gostaria de salientar, em nome dos Verdes, a alegria em ver a presença de especialistas europeus que tanto se dedicam a questões relativas às relações entre a cultura e a natureza. Guarujá é rodeado de um meio ambiente privilegiado e que merece, tanto quanto a sua cultura, a atenção, os cuidados, a pesquisa, análises e ações de todos. No programa da Academia Brasil-Europa pode-se constatar a vinculação de questões científico-culturais com problemas de natureza ecológica. Por esse motivo, os políticos e os estudiosos do Guarujá se esforçaram em receber os congressistas da forma mais hospitaleira possível, para que esses levassem não apenas uma imagem da cultura, mas sim também do Verde da região.

Das palavras do presidente da Academia Brasil-Europa

Foi para nós uma necessidade de coração incluir o Guarujá na programação do Congresso Internacional de Estudos Euro-Brasileiros que, nesta sua última fase, se dedica sobretudo ao relacionamento entre a música e a história das mentalidades. Nesse sentido, a pesquisa da cultura do quotidiano é essencial, e esse é o campo a que se dedica, há décadas, a Associação de Folclore e Artesanato do Guarujá, presidida pela Dra. Esther de Almeida Karwinsky. A cultura popular do litoral, sobretudo de círculos populacionais de identidade caiçara, não poderia faltar na temática do Congresso que encerra o triênio de eventos pelos 500 anos do Brasil.

Os participantes deste evento, que estão chegando do interior de São Paulo e que se ocuparam com questões da identidade caipira, penetram agora no universo do mar, não das montanhas, no mundo da costa, não do sertão. Apesar de todas as relações, levanta-se aqui outro tipo de questões. Apesar de todas as continuidades históricas, das analogias, as expressões tradicionais da cultura popular apresentam aqui características próprias. A constatação e a consideração dessas diferenças e a distinção entre duas esferas parecem-nos de importância. Assim, no simpósio de Antropologia Simbólica que realizamos em 1998 tomamos o cuidado de trazer os participantes do interior para o litoral, realizando em Ubatuba algumas das sessões.

Aqui nos situamos no centro da problemática que diz respeito ao relacionamento entre a música e a mentalidade. No interior possuimos uma cultura determinada pela terra, uma vez que os homens trabalham na cultura dos campos e na pecuária, sendo que as suas interações e as representações simbólicas da cultura trazem o cunho de conceitos relativos à frutificação da terra e do terreno. Aqui, porém, encontramo-nos em uma região costeira, separada do interior por uma barreira de serras cobertas de florestas. Aqui o mundo é voltado ao mar, e os homens vivem do seu trabalho nas águas e na pesca. Na linguagem da antiga mística da Idade Média, ainda hoje vigente nas nossas tradicões, como estudado no colóquio de 1998, trata-se aqui de um diferenciado relacionamento simbólico-antropológico entre a vida ativa e a passiva, entra a vida do trabalho e a vida espiritual ou mental, entre o espírito de vida terreno e a Mens. Por isso pareceu-nos conveniente, até mesmo necessário realizar esta última fase do Congresso no litoral, uma vez que é dedicada à Mens.

As expressões culturais dessa vida litorânea foram sempre consideradas pela Associação de Folclore e Artesanato do Guarujá. Essa dedicação é devida sobretudo ao idealismo da Dra. Karwinsky. Grande parte de sua vida de pesquisadora da cultura foi voltada ao litoral, representando-o em simpósios internacionais no Exterior. Durante a sua última estadia em Colonia, pudemos ouvir muito a respeito da ordem simbólica desse mundo do mar, dos símbolos da Mens. Tal como uma entidade que vive nas águas e que está impregnada de um direcionamento ao alto, tentando elevar-se do mar, assim surge a Mens do ponto de vista antropológico. A respeito dessas expressões simbólicas do mundo caiçara desenvolveu a Dra. Karwinsky estudos pormenorizados e que foram de particular importância para as nossas próprias reflexões.

Gostaria de agradecer de modo pessoal ao Deputado Antonio A. Filho pelas suas palavras em nome do Partido Verde. Muito obrigado por ter salientado a necessidade e a importância de uma consideração de questões relativas ao meio ambiente no diálogo internacional voltado à cultura e às ciências. De fato, este é uma característica da Academia Brasil-Europa, uma proposta a que damos a mais alta relevância.

Essa consideração da natureza está ancorada na própria tradição de nossa instituição. Foi um dos principais anelos de Martin Braunwieser, o qual passou grande parte de sua vida e de seu trabalho no isolamento das florestas de Peruíbe. No nosso acervo possuímos cartas que dirigiu a instâncias governamentais com o pedido de medidas de proteção ambiental e de apoio nas suas tentativas de reflorestamento com espécies nativas. Esse respeito pela vida foi, de resto, tema por excelência de Albert Schweizer, que com ele mantinha contactos. O nosso trabalho é, assim, orientado ecologicamente e prende-se a uma ética que inclui fundamentalmente a proteção natural e dos animais.

Das palavras da Presidente da Associação de Folclore e de Artesanato do Guarujá

Em nome da Associação de Folclore e de Artesanato do Guarujá desejo agradecer a esta visita de especialistas e de estudantes do Brasil e do Exterior. Em especial, apresento os meus agradecimentos ao meu colega e amigo Dr. Bispo, ao qual estou ligada há anos por laços de estreita amizade. Nos convidamos a todos os congressistas para que agora visitem a nossa exposição. Desejo entregar aos membros da Academia Brasil-Europa também exemplares de nossas últimas publicações e que tratam de vários aspectos da nossa cultura. Uma menção especial cabe à publicação de documentos até agora desconhecidos de um pesquisador russo - Manizer - que se dedicou a estudos da cultura indígena no início do século XX e que deu à música especial atenção. Esses documentos puderam ser encontrados em arquivos russos após longas pesquisas e são agora publicamente apresentados.