Prof. Dr. A. A. Bispo, Dr. H. Hülskath (editores) e curadoria científica
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No. 83 (2003: 3)


 

    Entidades promotoras
    Akademie Brasil-Europa
    I.S.M.P.S. e.V./I.B.E.M.: Institut für Studien der Musikkultur des portugiesischen Sprachraumes/Instituto Brasileiro de Estudos Musicológicos
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    Institut für hymnologische und musikethnologische Studien e.V. (Maria Laach)

    Direção geral
    Dr. Antonio A. Bispo
    Direção Forum RS
    Dra. Helena de Souza Nunes, Rodrigo Schramm

© Foto: H. Hülskath, 2002
Archiv A.B.E.-I.S.M.P.S.

 

PROJETO "NIETZSCHE PELOS OUVIDOS"

FILOSOFIA E MÚSICA, MÚSICA COMO FILOFOFIA

Luis Eduardo Xavier Rubira

 

A arte, na concepção de Nietzsche, é o grande estímulo da vida. Por arte, cumpre dizer, o filósofo alemão compreende, sobretudo, a música. Desde seu nascimento em 1844 até o colapso psíquico ocorrido nos primeiros dias de janeiro de 1889, ela será um componente fundamental em sua vida: por um lado, como sabemos, será objeto de algumas de suas mais sérias inquietações e reflexões. Neste sentido marcou parte da produção filosófica do autor, como deixam perceber títulos tais como O Nascimento da Tragédia a partir do espírito da música (1872), Considerações extemporâneas IV: Richard Wagner em Bayreuth (1876), O caso Wagner e Nietzsche contra Wagner (1888). Suas reflexões sobre música também estão disseminadas ao longo de outras de suas obras, como, por exemplo, em Para além de bem e mal o ' 245. Por outro lado, a música lhe fará companhia nas horas solitárias, lhe trará alegria e beleza, será seu tônico em muitos momentos.

Nietzsche, porém, não somente ouvia e executava música ao piano, mas também compunha. Como compositor, foi desconsiderado por alguns de seus contemporâneos, tal como o maestro wagneriano Hans von Bülow, e o próprio Richard Wagner, apesar de apreciar as improvisações pianísticas do jovem Nietzsche, desaconselhava suas composições. Décadas depois destas opiniões, a música de Nietzsche vem sendo redescoberta, o que nos possibilita, por um lado, formar nosso próprio ponto de vista acerca de suas composições e, por outro, travar um contato num outro nível com o autor da Genealogia da moral, em outras palavras: ter um acesso a momentos íntimos que não se encontram em seus escritos (e sobretudo momentos sonoros: o que em filosofia é raro, posto que, diga-se de passagem, tem-se conhecimento de que, anteriormente a Nietzsche, somente Rousseau teria deixado um legado musical). Devemos ao biógrafo de Nietzsche, Curt Paul Janz, que felizmente possuía formação em filosofia e em música, bem como à Sociedade Suíça para Pesquisa da Música, a publicação, em 1976, de uma obra com 315 páginas de partituras nietzschianas. Janz, durante uma entrevista realizada há poucos anos atrás1, após dizer que a música de Nietzsche vinha sendo muito bem recebida atualmente, expressou-se deste modo ao ser interpelado se ela era tocada publicamente:

Sim, é cada vez mais tocada. Existem long-plays, as rádios alemãs apresentam com freqüência composições de Nietzsche, em geral emprestadas da Rádio Basiléia, onde foram feitas muitas gravações. Há poucos dias recebi de uma organização, The Nietzsche Music Project, de Nova Yorque, um CD com setenta minutos de música para piano. Dizem que lá se tornou um best-seller.

Nietzsche e a música

Autodidata na música desde os nove anos, Nietzsche recebera influência do pai, Karl Ludwig, que em sua paróquia na aldeia prussiana de Röcken, improvisava ao órgão no cair da tarde. Herdeiro dos dotes musicais do pai (que morre quando o filho está com cinco anos), Nietzsche passa a compor quando a música clássica lhe chega aos ouvidos através de um coro de Händel2 executado na igreja de sua paróquia. Desde então, nas comemorações de aniversário de sua mãe e de sua avó, costumava oferecer-lhes composições com "letra e música de Friedrich Nietzsche". Por volta dos 15 anos, já aluno do colégio de Pforta, comunica à mãe que quer ser músico, mas esta o afasta do caminho da arte por querer que o filho seguisse os estudos de teologia. Vedada sua aspiração, é pela "porta dos fundos" que a música sempre retornará ao longo de sua vida. Em 1862, aos 18 anos, Nietzsche torna-se estudante de Teologia e Filosofia na Universidade de Bonn. Uma vez ingresso na universidade, passa a freqüentar festivais de música em cidades vizinhas (onde era possível ouvir, como informa o biógrafo Daniel Halévy, entre outras, as músicas de Bach e Beethoven). No ano seguinte lerá O mundo como vontade e representação de Arthur Schopenhauer e, dentre outras coisas, ficará profundamente impressionado com as opiniões do "Mestre" acerca da música3 (e um dado que revela o envolvimento de Nietzsche com a música é que durante os 11 dias em que permanece absorto na leitura de Schopenhauer, ele somente larga o livro para dedicar-se ao piano). Nos anos que se seguem, enquanto a filosofia de Schopenhauer aprofunda suas raízes no Jovem Nietzsche, a música de Schumann será seu consolo até emocionar-se, em 1868, com "Os Mestres Cantores" de Wagner, com quem logo a seguir travaria profunda amizade. De 1860 a 1870 Nietzsche realiza a maior parte de suas composições. E para suas músicas ele tanto se vale de poemas escritos por ele mesmo, quanto de outros poetas. Entre outras composições podemos citar as canções Beschwörung (Esconjuro) [uma poesia de 1828 do escritor russo Alexander Puschkin (1799-1837)], Ständchen (Serenata) [uma poesia do poeta húngaro Sandor Petöfi (1823-1849)], e Ungewitter (Tormenta) [um poema de 1826 do escritor alemão de origem francesa Adalbert von Chamisso (1781-1838)], todas do ano de 1864. Nos anos que se seguem à amizade com Wagner, Nietzsche continua não somente ouvindo e pensando a música, como também compondo. No natal de 1874, por exemplo, compõe e transcreve para quatro mãos um "Hino à Amizade", bem como relê boa parte das músicas que escreveu em sua juventude. Suas composições, no entanto, cessam por volta de 1876, ano no qual, como escreveria futuramente, se despedia "interiormente de Wagner"4. É somente em 1880, ao que sabemos, quando encontra-se em Veneza, que Nietzsche volta a se alegrar com a música ao ouvir Chopin. Posteriormente (1881) freqüentará a ópera em Gênova onde ouvirá músicas de Rossini5 e Bellini, as quais também lhe trarão algum prazer. Mas é somente a Carmen do francês Georges Bizet que constitui outro grande acontecimento na vida do filósofo. No ano seguinte, ao receber um poema escrito pela jovem russa Lou Andreas-Salomé, Nietzsche volta a compor, colocando-o em música para piano. Daí surgirá o Hymnus an das Leben (Hino à Vida), que em 1887, após ter sido instrumentado para coro e orquestra pelo maestro, e velho amigo de Nietzsche, Peter Gast (Heinrich Köselitz), foi a primeira e única composição publicada, pela casa editora de E. W. Fritzsch, durante a vida do filósofo. Este é o hino que o autor do Zaratustra gostaria que cantassem em sua memória6, conforme esta expresso no escrito autobiográfico Ecce Homo, redigido no final de 1888 em Turim.

A audição pública das músicas de Nietzsche em Porto Alegre/RS em 2000 (centenário de morte do filósofo) e seus desdobramentos: o CD "Nietzsche pelos ouvidos" e parte da trilha sonora do filme "Dias de Nietzsche em Turim" de Bressane.

Ronel Alberti da Rosa
No ano do centenário de morte de Nietzsche, ocorreu a mim e ao maestro Ronel Alberti da Rosa a idéia de realizar um concerto com as músicas do filósofo, em sua homenagem. Em busca das partituras musicais e de gravações em disco de tais composições, não tardou para verificarmos que a música de Nietzsche era ainda inédita no Brasil. No percurso da pesquisa descobrimos que somente o maestro Júlio Medaglia havia gravado um programa na Rádio Cultura de São Paulo em março de 1998 acerca das composições de Nietzsche, mas, ao que consta, nunca houve audição pública ao vivo. O biógrafo de Nietzsche, Curt Paul Janz, lançou em 1976 uma obra com 315 partituras escritas pelo filósofo, mas tal obra ainda não teve tradução no Brasil. Assim, através de um contato na Alemanha, obtivemos fotocópia de parte desta obra, pois trata-se de um livro esgotado. De posse das partituras os ensaios começaram, e foi em 25 de Outubro de 2000, num encontro realizado no Instituto Goethe, organizado pelo curso de pós-graduação em Filosofia da PUCRS, que, após palestra sobre Nietzsche (proferida pelo Prof. Dr. Günter Abel) as composições nietzschianas chegaram aos ouvidos de uma platéia atenta. Foram executadas as seguintes peças: Heldenklage, Fragment an sich e Ermanarich, para piano; Standchen, Beschwörung e Ungerwitter para piano e voz; e finalmente o Hymnus an das Leben, para piano e coro. Em 12 de Novembro, várias composições de Nietzsche, desta vez tocadas por uma orquestra, foram apresentadas no auditório da UFRGS. Posteriormente, a convite de Antônio Carlos Cunha, maestro da orquestra Sesi-Fundarte, Ronel Alberti transcreveu Ermanarich para orquestra de cordas e, em 04 de Dezembro, a música de Nietzsche foi apresentada no Teatro do Sesi, sob a regência do maestro Cunha, desta vez entre composições de Händel, Stolzel, Grieg e Vivaldi. Trechos da música de Nietzsche apresentada neste dia foram ao ar na noite seguinte num programa de televisão gravado pela TVCOM. Antes das três apresentações das músicas de Nietzsche realizadas em Porto Alegre no ano de 2000, tive a oportunidade de assistir, durante o "III Simpósio Internacional de Filosofia: assim falou Nietzsche" (realizado no Rio de Janeiro em agosto), um making of de "Dias de Nietzsche em Turim", filme que estava sendo realizado pelo cineasta Júlio Bressane. Conversando com a Profª. Dr.ª Rosa Maria Dias da UERJ, relatei-lhe da homenagem que pretendíamos fazer a Nietzsche no Rio Grande do Sul e ela mostrou-se vivamente interessada em que, assim que pudéssemos gravar, lhe remetêssemos uma fita cassete com as composições de Nietzsche, posto que estas músicas poderiam vir a ser aproveitadas na trilha sonora do filme de Bressane, projeto no qual ela estaria envolvida. As músicas foram gravadas à parte (no mesmo dia da apresentação realizada no Instituto Goethe) e, posteriormente, remetidas para a Profª. Rosa. Tais músicas hoje compõem parte da trilha sonora do filme "Dias de Nietzsche em Turim". Com o propósito de que a música de Nietzsche pudesse ser conhecida em nosso país, elaboramos o CD "Nietzsche pelos ouvidos". Autores e produtores do projeto, realizamos pouco menos que 100 cópias do disco que rapidamente foram distribuídas. Foi o Prelúdio de um projeto maior a se realizar. Atualmente o maestro Ronel Alberti está para lançar um novo CD intitulado "A dissonância trágica" com várias outras gravações das composições de Nietzsche tanto para piano, coro, como também para orquestra.

No que diz respeito ao poema sinfônico Ermanarich que compõe o CD "Nietzsche pelos ouvidos" podemos dizer brevemente o seguinte: o Jovem Nietzsche envolveu-se de 1861 à 1865, em meio a seus estudos no colégio de Pforta e depois na Universidade de Bonn, com a saga de Ermanarich, rei dos Ostrogodos (antigo povo germânico oriundo dos Godos, que por sua vez invadiram os Impérios do Ocidente e do Oriente entre os séculos III e V). Inicialmente, 1861, realizou um esboço histórico, de modo a "esclarecer os fundamentos históricos e a tradição da saga"7. Depois, com base em seus sentimentos acerca do tema, passou a tratá-lo de forma musical e, na tentativa de levar a cabo uma composição orquestral, acabou por realizar uma versão para piano a 4 mãos. No ano seguinte, o tema Ermanarich ganhou a forma poética e Nietzsche recitou seu poema "Morte de Ermanarich" durante uma solenidade realizada em Pforta, onde então estudava, bem como realizou uma versão da música para piano a 2 mãos. Em 10 de novembro de 1863 escreve para sua família dizendo: "Na semana passada procedi a uma investigação um tanto extensa sobre a saga de Ermanarich e revirei muitos volumes antigos com capas de couro e crônicas. Acabou ficando um trabalhinho de 60 páginas"8. Depois deste ensaio, Nietzsche ainda se envolveu com sua música e, em 1865, elaborou o esboço de uma ópera a partir do tema.

No CD "Nietzsche pelos ouvidos", a música Ermanarich é apresentada em duas versões: a primeira para piano, tal como Nietzsche a elaborou; a segunda para orquestra de cordas, cuja orquestração foi realizada pelo maestro Rônel Alberti da Rosa. Segue-se a estas a música "Se Nietzsche tivesse domado leões..." (para três trombones, piano e coro), livre composição do maestro em alusão ao centenário de morte de Nietzsche. Acerca desta última música, consta, no CD, um texto elaborado pelo próprio maestro. Quanto a gravação das músicas, todas foram gravadas na cidade de Porto Alegre/RS, entre os meses de Outubro e Dezembro de 2000, na mesma ocasião em que foram apresentadas diversas músicas de Nietzsche10. Tais músicas mereceriam ser gravadas em estúdio, tal como o CD duplo "The Music of/La Musique de Friedrich Nietzsche", produzido e patrocinado pela Concordia University/Montreal. Na ausência disto, optamos por não deixar tais gravações arquivadas e, sim, dividi-las com um público maior do que aquele que pode comparecer à execução ao vivo das peças de Nietzsche.

Finalizando, esperamos que o CD "Nietzsche pelos ouvidos", e futuramente o CD "A dissonância trágica", permita ao público Brasileiro não somente a conhecer a música de Nietzsche, mas sirva como uma peça a mais neste mosaico que é compreender este pensador como um todo, filósofo para quem "a música faz livre o espírito"11.

NOTAS

1 Entrevista realizada por Paulo César de Souza, tradutor brasileiro de inúmeras obras de Nietzsche, que consta em: Souza, Paulo César. Freud, Nietzsche e outros alemães. RJ, Imago, 1995 (pp. 88-94); surgindo também como apêndice em: Nietzsche, Friedrich. O caso Wagner: um problema para músicos / Nietzsche contra Wagner: dossiê de um psicólogo; tradução, notas e posfácio Paulo César de Souza - São Paulo: Companhia das Letras, 1999 (pp. 107-112)
2 Em Nietzsche contra Wagner, no capítulo "uma música sem futuro" dirá que Händel "ressou o melhor da alma de Lutero e dos que lhe eram aparentados, o traço judáico-heróico que deu à Reforma um traço de grandeza"
3 Talvez o longo trecho da obra de Schopenhauer citado no '16 de O Nascimento da Tragédia seja a marca mais funda desta impressão.
4 Cf. Nietzsche contra Wagner. "Como me libertei de Wagner".
5 A quem elogiará em O caso Wagner dizendo que possuía uma "transbordante animalidade" (CW, "Segundo Pós-Escrito").
6 Veja-se a este respeito o '2 do capítulo "Assim falou Zaratustra", da obra Ecce Homo.
7 Janz, Curt Paul. Der Musikalische Nachlass. pg. 330. Não há tradução desta obra em nossa língua. O trecho citado, bem como os que se seguirão, obedecem a uma tradução parcial desta obra realizada por Rônel Alberti da Rosa, a qual não chegou, ainda, a ser publicada.
8 Id., pg. 330
9 Id., pg. 330-1. Na seqüência deste apontamento o jovem Nietzsche, em linguagem musical, escreverá o que precisava, à época, corrigir em sua composição.
10 Ermanarich para piano foi gravada no auditório do Instituto Goethe; Ermanarich para cordas e Se Nietzsche tivesse domado leões foram gravadas ao vivo: a primeira no salão de atos da UFRGS, a segunda no Instituto Goethe (na mesma ocasião da gravação de Ermanarich para piano).
11 Friedrich Nietzsche. O caso Wagner, '1

BIBLIOGRAFIA

HALÉVY, Daniel. Nietzsche. Tradução de Roberto Cortes de Lacerda e Waltensir Dutra. Rio de Janeiro, Campus, 1989.

JANZ, Curt Paul. Der Musikalische Nachlass, Ed. Curt Paul Janz, Basel 1976.

NIETZCHE, Friedrich. Obras Incompletas. Col. "Os Pensadores". Seleção de textos de Gerárd Lebrun; tradução e notas de Rubens Rodrigues Torres Filho. Col. "Os Pensadores". - 4ª ed. - São Paulo: Nova cultural, 1987

_______. O nascimento da tragédia, ou Helenismo e pessimismo / Friedrich Nietzsche; tradução, notas e posfácio J. Guinsburg. - São Paulo: Companhia das Letras, 1992.

_______. Ecce homo. Trad. de Andrés Sánchez Pascual. Madrid, Alianza Editorial, 1997.

_______. O caso Wagner: um problema para músicos / Nietzsche contra Wagner: dossiê de um psicólogo. Tradução, notas e posfácio de Paulo César de Souza. - São Paulo: Companhia das Letras, 1999.

 

Texto incompleto e sem notas/Unvollständiger Text ohne Anmerkungen
Da publicação:/Aus der Veröffentlichung:
Musik, Projekte und Perspektiven. A.A. Bispo u. H. Hülskath (Hgg.).
In: Anais de Ciência Musical - Akademie Brasil-Europa für Kultur- und Wissenschaftswissenschaft. Köln: I.S.M.P.S. e.V., 2003.
(376 páginas/Seiten, só em alemão/nur auf deutsch)
ISBN 3-934520-03-0

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