Congresso de Estudos Euro-Brasileiros 2002 Monumento do Ipiranga, São Paulo Ausländische Teilnehmer/ Participantes estrangeiros do

A terceira fase do Congresso Internacional de Estudos Euro-Brasileiros 2002 foi dedicada a questões relativas à memória e à história das mentalidades no sentido de sua relevância para a construção do futuro. Os trabalhos foram introduzidos por reflexões encetadas durante uma visita guiada pela cidade de São Paulo, no dia 23 de setembro. Entre outros, problemas da memória no contexto metropolitano foram discutidos com base em exposição organizada pelo Departamento Municipal de Cultura a respeito do passado indígena da região. Outras oportunidades para comentários e reflexões surgiram surgiram durante visitas ao monumento ao Pe. José de Anchieta na praça da Sé da capital, ao Pátio do Colégio e ao Mosteiro de São Bento. Da plataforma da torre do antigo edifício do Banco do Estado de São Paulo analisou-se brevemente a formação espacial da cidade. A história da música popular na metrópole foi considerada durante almoço oferecido em tradicional restaurante no centro antigo da metrópole. À tarde, visitou-se o mausoléu do revolucionários de 32 e o monumento do Ipiranga.

Marco de encerramento da segunda fase do congresso e de início da terceira fase foi um concerto do projeto "Alma Barroca", da saxofonista Maria Bragança, levado a efeito no Theatro São Pedro. O evento contou com o apoio de vários órgãos e empresas. Foi dedicado à apresentação nacional do CD "Alma Barroca". Com a participação da pianista Guida Borghoff, do compositor Silvio Ferraz e do percussionista Djalma Correa, Maria Bragança ofereceu um programa com obras européias e brasileiras do passado, executadas com meios técnicos da atualidade, exemplificando assim os seus intuitos transepocais de reflexão criadora. Entre outros, foram apresentadas composições de J. S. Bach, S. Ferraz, H. Villa-Lobos, E. Schulhoff e D. Milhaud. O presidente da A.B.E. proferiu uma conferência a respeito do tema da transformação de mentalidades segundo as normas do Anti-Típico. Nessa alocução, procurou demonstrar o mecanismo de deculturação da época missionária, ainda atuante de forma imanente na linguagem simbólica das expressões culturais. Através de uma resignificação desse mecanismo poder-se-ia contribuir para uma transformação de atitudes científico-culturais perante formas de representação de minorias.

		Congresso de Estudos Euro-Brasileiros 2002 Câmara Municipal do Guarujá Rathaus von Guarujá

No dia 24 de setembro teve lugar uma recepção na Câmara Municipal do Guarujá. As discussões giraram ao redor de temas relacionados com os vínculos da pesquisa da cultura com a ecologia de regiões costeiras e da floresta atlântica. O presidente da Câmara Municipal e a presidente da Associação de Folclore e Artesanato do Guarujá, a Dra. Esther d‘Almeida Karwinsky, deram as boas vindas aos congressistas. Seguiu-se uma troca de idéias com o representante do Partido Verde da cidade, o deputado A. Addis a respeito do significado do trabalho internacional no estudo de problemas da cultura e da natureza. Após a apresentação dos participantes europeus do congresso, a Associação de Folclore do Guarujá ofereceu as suas novas publicações. Salientou-se o significado histórico de Hans Staden na história das relações internacionais e interculturais entre a Europa e os indígenas.

A próxima etapa do congresso teve lugar no forte de Ubatuba. Do encontro tomaram parte representantes da administração municipal, das organizações culturais, da imprensa e do povo Guaraní. Após a visita de uma exposição organizada pelo museu sobre viagens e cultura nos mares do Atlântico sul, discutiu-se o significado histórico-cultural da região no seu relacionamento com fatos geográficos.

As sessões na cidade de Paraty tiveram lugar no dia 25 de setembro. A secretaria de cultura local ofereceu, pela manhã, um passeio de escuna pela baía. À tarde, as conferências foram proferidas em sala especialmente preparadas para o evento na Pousada do Príncipe. Os representantes da municipalidade salientaram a importância de Paraty como cidade portuária na época colonial, quando desempenhou um papel chave e mediador entre a região das minas de ouro em Minas Gerais e a Europa. Procedeu-se a uma homenagem à Profa. Dra. Maria Augusta Alves Barbosa, presidente de honra do I.S.M.P.S. por Portugal, ato este motivado pela passagem dos seus 90 anos.

Um relevante complexo temático discutido nessa sessão disse respeito significativamente à permanência de expressões culturais ibéricas na cultura popular do Brasil. A Sra. Anna Sanchéz, de Salamanca, ofereceu um panorama dos trabalhos efetuados durante os colóquios europeus relativos às representações simbólicas de lutas entre cristãos e mouros, salientando os aspectos antropológico-culturais dessas representações de acordo com os seus fundamentos bíblicos. Da parte brasileira, o tema foi tratado pela especialista Profa. Niomar de Souza Pereira. Na sua exposição, considerou a permanência e as perspectivas de análise dessas expressões culturais no Brasil. A seguir, a Sra. Dirce Guerra tratou das evidências históricas do processo de Reconquista como experiência coletiva do Ocidente na memórica da cultura dos colonizados. As transformações e a permanência de funções e formas de expressão de representações tradicionais foram tratadas pela Sra. Dalva Soares Bolognini no exemplo do Boi Bumbá de Parintins, que hoje é uma das manifestações culturais mais significativas da Amazônia.

		Congresso de Estudos Euro-Brasileiros 2002 Concerto Alma Barroca Museu de Arte Sacra de Paraty

A memória da antiga metrópole na cultura quotidiana de territórios isolados do Brasil Central foi tratada pela Profa. Dra. Maria Augusta Calado Rodrigues na sua alocução a respeito da Modinha. Nessa sua conferência, os congressistas puderam sobretudo conhecer formas de historiografia imanente em canções populares tradicionais em Goiás. Uma pesquisadora da região do cerrado do Brasil Central, Profa. Andrea Teixeira, discutiu os resultados de suas pesquisas a respeito de tradições de Reis em Correntina, Bahia. O encerramento da sessão ficou a cargo da Profa. Dra. Rosangela de Tugny, da Universidade Federal de Minas Gerais. Essa especialista em etnomusicologia apresentou os trabalhos de antropologia cultural que leva a efeito no laboratório inter-cultural montado naquela instituição. Na sua exemplar exposição, a Profa. de Tugny considerou as diferentes situações do processo identificatório e o papel desempenhado pela música em diversos grupos indígenas do Leste do Brasil.

As sessões de Paraty foram encerradas com um concerto/conferência na Igreja de Santa Rita, sede do Museu de Arte Sacra. Esse concerto, integrado no contexto do Festival de Música Sacra de Paraty, realizado com o apoio do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), da Secretaria de Turismo (SECTUR) e da municipalidade, foi organizado pelo projeto "Alma Barroca", da saxofonista Maria Bragança. Nele tomaram parte também o cravista Antonio Carlos Magalhães e o percussionista Djalma Correa. Foram apresentadas obras de J.S.Bach, C. Ph. E. Bach, E. Cl. Jacques de la Guerra, H. Villa-Lobos e de Pixinguinha. O presidente da A.B.E. introduziu o concerto com explanações a respeito do sentido e do significado do projeto "Alma Barroca". Após a primeira parte do concerto, proferiu uma conferência a respeito da história da música da cidade. O tema dessa alocução relacionou-se com a importância da música para a história das mentalidades de Paraty e da necessidade de consideração da memória histórico-musical de centros radiais de serra-acima na tentativa de sua reconstrução. Após o concerto houve um jantar organizado pela municipalidade.