Prof. Dr. A. A. Bispo, Dr. H. Hülskath (editores) e curadoria científica
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N° 31 (1994: 5)


 

Foto A. A. Bispo. Acervo I.S.M.P.S.

1994: 100 anos de Renato Almeida

Ciclo de estudos

Música nas relações culturais euro-brasileiras

Sistematização e integração dos estudos culturais

- Amazônia e Brasil Central -

projeto do ISMPS e.V. /I.B.E.M.
com o apoio de diversos órgãos oficiais e particulares, universidades e museus
desenvolvido concomitantemente com o
projeto
As culturas musicais indígenas no Brasil
do
Institut für hymnologische und musikethnologische Studien
realizado com o apoio do
Serviço das Relações Exteriores da Alemanha
sob a direção de

A. A. Bispo

Roraima

agradecimentos

Biblioteca do Estado
Diocese de Roraima
Universidade Federal de Roraima
Instituto de Antropologia
Escola de Música
Conselho Indigenista Missionário CIMI-Norte
Associação do Índio
Comunidade Makuxi-Fazenda São Marcos

 

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DAS RELAÇÕES CULTURAIS EUROPA-RORAIMA

CONDIÇÕES GEOGRÁFICAS E AMBIENTAIS

(anotações de aulas dadas)

Antonio Alexandre Bispo

(partes)

 

O Estado da Roraima limita-se com o estado brasileiro do Amazonas ao sul, a oeste e leste e com o estado do Pará a leste, assim como com a Venezuela ao norte e a oeste e com a Guiana (antiga Guiana Inglêsa) a leste. A fronteira entre Roraima e a Venezuela é de 958 km, entre Roraima e a Guiana de 964 km. O estado é separado da Venezuela pelas montanhas de Parima a oeste e Paracaima ao norte. Montanhas também separam, em parte, a região da Guiana e do Estado do Pará. Entre essas duas serras localiza-se a região plana cortada pelo Rio Branco e que recebe águas dos rios Uraricoera, Mucajaí e Catrimani, entre outros, indo desaguar no Rio Negro na divisa com o estado do Amazonas.

O clima é caracterizado por dois períodos bem distintos, a estação da chuva e o tempo da sêca. Na época das chuvas - entre maio e setembro - o rio é navegável até a cidade de Caracaraí, a cerca de 100 km de distância da capital Boa Vista. Na época da sêca - de outubro a abril - ele apenas pode ser navegado por pequenas embarcações. A região entre o Orinoco ao norte, o Cauara-Ventuari a oeste, o Uraricoera ao sul e o Essequibo a leste apresenta-se em geral com uma paisagem em grande parte uniforme.

O território pode ser ainda dividido em três regiões: o baixo e o alto Rio Branco, assim como a região montanhosa. O baixo Rio Branco é coberto de matas; o alto Rio Branco apresenta pastos naturais, savanas e campos utilizáveis pela agricultura, o denominado "lavrado". A região das serras ao norte, as faixas relativamente estreitas do sistema Parima, é coberta de florestas tropicais. O contraste entre a região montanhosa na zona fronteiriça e a ampla terra plana, os territórios de floresta e os campos de capim interrompidos apenas por buritis e pequenas árvores, utilizáveis para agricultura e pecuária, é fator natural das condições oferecidas pela natureza e que determinam a vida dos índios, diferenciando-os em índios da serra, índios da mata e índios do lavrado. Essa divisão também tem o seu interesse sob o ponto de vista musical, uma vez que os indígenas que vivem nas regiões mais isoladas da mata puderam conservar melhor suas tradições musicais.

A riqueza do solo é uma das principais características de Roraima, o que despertou grandes esperanças de enriquecimento rápido através dos séculos e que foi, para os indígenas, quase que uma maldição. A idéia de que o famoso "El Dorado" se localizaria nessa região determinou empreendimentos já no primeiro século do Descobrimento e recebe até hoje impulsos novos. Nenhuma consideração etnológica dessa região pode deixar de considerar esse fato. A infelicidade que a procura de ouro e de outros metais (sobretudo cassiterita e urânio) trouxe para os indígenas é manifestada de modo expressivo na concepção do mundo e do homem dos Yanomami: ela surge como um ser esfumaçado, mau, que estava preso no coração da terra e que foi libertado, vindo a destruir não só os índios como também os brancos e até mesmo o mundo todo, pois leva o céu a rachar; os próprios xamanes são impotentes perante essa destruição causada pelos brancos.

A construção das estradas Perimetral Norte (Br-210), Manaus-Boa Vista -Venezuela (BR 174) e BR-401 entre Boa Vista e as comunidade de Bonfim e Normandia - e dalí para a Guiana - abriu novos territórios e deu origem a profundas transformações. Através dessas vias de transporte - e através dos campos de pouso abertos na floresta - chegaram à região numerosos garimpeiros provenientes de diferentes regiões do Brasil, sobretudo de Serra Pelada.

As novas condições geo-políticas de Roraima são determinadas sobretudo pelo Projeto "Calha Norte" (1985/1986) e que traz uma forte presença militar nessa região limítrofe e o desenvolvimento de correspondente infra-estrutura.

(...)

 

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