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N° 19 (1992: 5)


 

DISCURSO DE ABERTURA DOS TRABALHOS DO
II° CONGRESSO BRASILEIRO DE MUSICOLOGIA

Prof. Dr. José Geraldo de Souza
Presidente da Sociedade Brasileira de Musicologia

(Excertos)

 

Senhoras e Senhores:

Não! Não nos é possível reprimir, mas, apenas, serenar o turbilhonamento emocional, inexprimível, que nos enternece nesta momentosa solenidade.

(...)

Senhoras e Senhores, Musicólogos e Amigos:

Nossas Boas-vindas fraternais, e Congratulações:

Vós vos consagrastes aos trabalhos fardosos das pesquisas e do aprofundamento nos segredos da Musicologia; dos mistérios insinuantes, às vezes impenetráveis, das ciências históricas, literárias e filológicas; nos da ciência paleográfica, da toponímica, da semântica; no das filosóficas, como da estética, da crítica, da moral e do "ethos".

Congratulações!

Vós vos consagrastes, também, às pesquisas nas áreas das ciências teológicas e das crenças rituais e tribais, e, por que não? às das numéricas, da acústica e da organologia; às da fisiologia e anatomia da voz falada e cantada, à musicoterapia ...

Pois, a vocação de Musicólogo integra uma interpretação ampla, uma interpretação fiel e precisa, dos problemas estéticos-musicais de todos os tempos, de todas as tendências.

Ciência global e interdisciplinar é, na epítome de Jacques Chailley, "a ciência do trabalho novo e de primeira mão". Ciência das "fontes".

Ciência de uma hermenêutica, diria, sagrada, na interpretação das pesquisas científicas, especialmente, na área da etno-musicologia.

Senhoras e Senhores:

O "Padre-Mestre" Frei Francisco do Monte Alverne, ou Francisco José de Carvalho, filho desta nobilíssima cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro (1784), que sacralizou, num claustro humilde, a ascese franciscana, e o esplendor da sua oratória sacra nos mais célebres púlpitos, como "Teólogo da Nunciatura Apostólica e Pregador da Capela Imperial", arremata assim um seu Panegírico de Santa Cecília, Padroeira da Música, "arte encantadora, que sujeita o Universo à sua fatídica potência":
-"Ide a Nápoles, ouvi as obras immortaes de Léo, de Jomelli, de Gallupe, de Pergolese; ... transportai-vos a Paris, a Vienna d'Austria...; aqui mesmo entre nós considerai as preciosas composições de Marcos, de Pedro Teixeira, e do nosso tão erudito, e tão saudoso padre José Maurício..."

Pois bem:

permiti que vos diga, a vós que viestes a este Rio de Janeiro - "pensou-se que era um / rio/ em janeiro" (poetizou Cassiano Ricardo) - a este Rio, debruado de imensa baía, sob o céu tropical, resplandecente às noites pelo Luzeiro da Cruz-do-Sul, constelação simbólica que o Todo-Poderoso cravou na celeste e extensa abóbada brasileira, e que, assinalada no topo soberbo das naus em demanda destas terras, já prospectavam aos bravos lobos-do-mar a "vocação do Cristo" (di-lo Ruy Barbosa): Ouvi, ao menos o eco, e considerai, destes nossos Maiores:
- as Missas e as Matinas e os Motetes do P. J. Maurício N. Garcia;
- o Te Deum de 900 cantores, sincronizado por tiros de morteiros, de Francisco Manuel, fundador desta Escola;
- a Noite do Castelo e a Joana de Flandres e o Guarany de Carlos Gomes, estreado aqui mesmo, no Teatro Lírico Fluminense, na festa natalícia do Imperador;
- os Choros e as Bachianas e os Poemas Sinfônicos de H. Villa-Lobos!

(...)

 

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