Prof. Dr. A. A. Bispo, Dr. H. Hülskath (editores) e curadoria científica
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N° 18 (1992: 4)


 

Literatura

 

Música Brasileira para Orquestra. Catálogo Geral

Organizado por João Guilherme Ripper. Rio de Janeiro: Instituto Nacional de Música/ Projeto Orquestra, 1988. 132 págs. Sumário: Apresentação; Lista de abreviaturas; Compositores e obras; Anexo.

O catálogo foi organizado a partir de formulários distribuidos a compositores; a compilação de dados a respeito de obras de autores falecidos foi feita por musicólogos ou realizada junto a instituições e bibliotecas. Os formulários solicitaram indicações a respeito do título da obra, do ano da composição, da duração, da instrumentação, assim como da editora e/ou arquivo. As obras foram classificadas, no catálogo, em "Obras para orquestra sinfônica", "Obras para orquestra sinfônica com solista", "Obras para orquestra sinfônica com coro", "Obras para orquestra de câmara", "Obras para orquestra de câmara com solista" e "Obras para orquestra de câmara com coro".Foram considerados os seguintes compositores: Almeida Prado, Amaral Vieira, Andersen Vianna, Antonio Jardim, A. Theodoro Nogueira, Brenno Blauth, Calimério Soares, Camargo Guarnieri, Carlos Cruz, Ciriel de Hollanda, Cláudio Santoro, Conrado Silva, Dieter Lazarus, Domingos Raymundo, Edino Krieger, Edmundo Villani Cortes, Eduardo Escalante, Emanuel Coelho Maciel, Ernani Aguiar, Ernst Mahle, Ernst Widmer, Frederico Richter, Gilberto Mendes, Guilherme Bauer, Henrique David Korenchendler, Henrique de Curitiba, João Guilherme Ripper, Jorge Antunes, José Alberto Kaplan, Kilza Setti, Leonardo Sá, Lina Pires de Campos, Lindembergue Cardoso, Marcello Homem de Mello, Márcio Côrtes, Marco Padilha, Maria Helena da Costa, Maria Helena Rosas Fernandes, Mário Ficarelli, Marisa Resende, Marlos Nobre, Murillo Santos, Nelson de Macedo, Nestor de Hollanda Cavalcanti, Odemar Brigido, Osvaldo Lacerda, Paulo Costa Lima, Ricardo Tacuchian, Roberto Victório, Rodolfo Coelho de Souza, Ronaldo Miranda, Roseana Yampoischi, Sérgio O. de Vasconcellos Correa, Teresa Fagundes Lima, Vanda Lima Bellard Freire, Alberto Nepomuceno, Alexandre Levy, Bruno Kiefer, Francisco Mignone, Furio Franceschini, Heitor Villa-Lobos, Henrique Oswald, José Mauricio Nunes Garcia, Octávio Baptista Maul, Esther Scliar, Francisco Braga, João de Souza Lima, Leopoldo Miguez, Lorenzo Fernandez.

Este catálogo vem preencher grave lacuna e representa uma iniciativa de grande interesse prático. Seria desejável que, em próximas edições, considerasse maior número de compositores do passado. Também a ordenação de compositores pelo primeiro nome (!) - além do mais não conseqüente (por ex. no caso de Camargo Guarnieri e Amaral Vieira) - precisaria vir a ser modificada. A ordenação alfabética pelo primeiro nome não corresponde nem ao uso internacional nem à tradição da própria língua a nível erudito, é ilógica e difícil de ser utilizada.

 

Domenico Scarlatti. Libro di Tocate per Cembalo

Edição fac-similada, orientada e prefaciada por Gerhard Doderer. Lisboa: Instituto Nacional de Investigação Científica, 1991. 53 págs.+ 218 págs.fac-similadas, 13 ilustrações, em parte em cores, Bibliografia selecta, Índice das ilustrações. Integram a edição 13 sonatas gravadas em disco compacto por Cremilde Rosado Fernandes, em instrumento de José Joaquim Antunes (Lisboa, 1758).

O manuscrito do Libro di Tocate Per Cembalo, provavelmente do punho de um escrivão da corte, pertence desde 1982 ao Departamento de Musicologia do Instituto Português do Património Cultural (espólio de D. Fernando Luiz de Sousa Coutinho, Conde de Redondo). Trata-se de um manuscrito de cuidadosa execução caligráfica, provavelmente dos primeiros anos da segunda metade do século XVIII.

A obra abre com substancioso estudo de Gerhard Doderer, de título Aspectos novos em torno da estadia de Domenico Scarlatti na Corte de D. João V (1719-1727)// New Aspects Concerning the Stay of Domenico Scarlatti at the Court of King John V (1719-1727). O autor parte da constatação de que pouco se sabe acerca de um compositor tão renomado como Domenico Scarlatti. Tal constatação indica a existência de problemas documentais graves relativos à história da vida do compositor entre 1719 e 1757, época da composição da maioria de suas centenas de sonatas para cravo (=cravo de penas), cravo de martelos (=pianoforte), clavicórdio ou órgão. Apesar da já volumosa bibliografia sobre Scarlatti, poucos são os pormenores conhecidos relativamente à atuação do compositor a serviço dos reis da Espanha e Portugal. Em Lisboa, Domenico Scarlatti exerceu o cargo de mestre-capela real e professor de cravo da família real de fins de 1719 a 1727.

 It seems strange that we know really very little of a concrete nature about so celebrated a composer as Domenico Scarlatti. His name is commonly and instantly associated with hte Keyboard sonatas, which, following their publication in London in the late 1730s, made him famous throught Europe as a fascinating and eccentric (or to say the least "somewhat unorthodox") composer.

Gerhard Doderer

Novas informações puderam ser obtidas através do estudo da correspondência diplomática entre o Núncio Apostólico em Lisboa e a Santa Sé. Com base nesses documentos, o autor demonstra que deve abandonar-se a hipótese tantas vezes apresentada de uma estadia prolongada do compositor na Sicília. O autor salienta, sobretudo, que "a permanência de Scarlatti durante mais de sete anos na capital portuguesa deveria impôr a todos os investigadores scarlatianos estudos mais aprofundados de ordem socio-politica e histórico-musical do Portugal setecentista, visto que importantes linhas orientadoras do fenómeno evolutivo 'cravo - piano de martelos' se cruzam em Lisboa durante a primeira metade do século XVIII" (pág. 12).

Esta publicação, de magnífica apresentação visual, é indispensável a todos os instrumentistas de teclado e musicólogos interessados na música do mundo português do século XVIII.

 

 

Coleção Carlos Gomes

Rio de Janeiro: Fundação Nacional de Arte/Instituto Nacional de Música/Projeto Memória Musical Brasileira, 1986.

Cumpre relembrar que no Ano Carlos Gomes (1836-1986) foram publicadas várias obras do autor campineiro, inclusive sob iniciativa da Sociedade Brasileira de Musicologia (embora não devidamente indicada nas edições). Republicaram-se, em coedição com a editôra Ricordi, obras em redução para canto e piano (Il Guarany, Lo Schiavo, Fosca, Condor, Salvator Rosa, Maria Tudor, Colombo), úteis sobretudo para um primeiro contacto com obra de Carlos Gomes. Das Obras Sinfônicas, editaram-se Il Guarani (sinfonia), Fosca (sinfonia), Condor (noturno e prelúdio), Maria Tudor (prelúdio), Salvator Rosa (sinfonia), Lo Schiavo (alvorada), Noite do Castelo (prelúdio), Joana de Flandres (prelúdio 1° e 2° ato). Da obra sacra de Carlos Gomes, publicou-se a Missa Nossa Senhora da Conceição.

Paralelamente, a Comissão do Sesquicentenário de A. Carlos Gomes (1986) publicou, pela Editôra Arthur Napoleão, em distribuição pela Fermata do Brasil (AN-2121),um álbum contendo as seguintes peças, em transcrição de Souza Lima e Francisco Mignone: Ária, A Cayumba (dança dos negros), Inocência, O Tronco de Ipê (1a. variação), Ouro sobre Azul (2a. variação), Il Fucile ad ago, Marcha Nupcial, Quilombo (quadrilha brasileira): Cayumba, Bananeira, Quingombô, Bamboula, Final, Uma paixão amorosa (valsa).

Do ponto de vista musicológico, recorde-se a edição comemorativa Carlos Gomes: Uma Obra em Foco da FUNARTE/Instituto Nacional de Música/Projeto Memória Musical Brasileira (1987). Esta antologia, planejada editorialmente por Mercedes Reis Pequeno, incluiu artigos anteriormente publicados pela Revista Brasileira de Música, na edição comemorativa do Centenário de Carlos Gomes (1936) e novos estudos de Vicente Salles, Bruno Kiefer, Léa Vinocur Freitag e Luiz Heitor Correa de Azevedo.

Recorde-se, a seguir, com mais pormenores, duas edições de obras para piano e canto de A. Carlos Gomes:

O Piano Brazileiro de Carlos Gomes

Rio de Janeiro: FUNARTE/Projeto Memória Musical Brasileira - Pró-Memus, 1986. 59 págs. Sumário: Quilombo (quadrilha brasileira sobre motivos dos negros): Cayumba, Bananeira, Quingombô, Bamboula, Final; Quadriglia: Caxoeira, Santa Maria, Morro Alto, Saltinho, Mogy Guassu; Uma Paixão Amorosa; Mormorio (improviso); A Cayumba (dança dos negros para piano); Niny (polka salon); Anemia (preludietto); Grande Valsa de Bravura.

A coletânea abre com o artigo Carlos Gomes e suas obras para piano de Benedito Barbosa Pupo: "Ao localizar em 1928 a Sonata em Ré para cordas, no Centro de Ciências, Letras e Artes de Campinas, comecei a me interessar pela pesquisa e localização das obras de Carlos Gomes, tanto inéditas como publicadas, mas esgotadas, das quais se tinha noticia da existência, mas não se sabia onde se entrava a maior parte delas. Ao voltar para Campinas, na década de 1960, pude intensificar meu trabalho de pesquisa como redator do jornal local Correio Popular. Foi quando, por gentileza do Sr. Eurípedes Roberto Cruz, procurador da Ricordi no Brasil, pude trazer para Campinas cópias das peças para piano que posteriormente foram gravadas pela Funarte (...)".

 

Canções de Carlos Gomes

Rio de Janeiro: FUNARTE/Instituto Nacional de Música/Projeto Memória Musical Brasileira/Secretaria Municipal de Cultura, Esportes e Turismo de Campinas, 1986. 134 págs. Sumário: Bela ninfa de minh'alma (1857); Suspiros d'alma (c.1858/59); Analia ingrata (c.1859); Quem sabe?!...(1859/60); Io ti vidi (1866); Notturno (1866); La Madamina (1867); Lisa, me vos tu ben? (1869); Album Vocale I (1881); Album Vocale II (1882); Mon bonheur (1882); Album Vocale III (1884); Conselhos (1884); L'Arcolajo (1885); Canções escritas entre 1885 e 1890; Noces d'argent (1892); Fra cari genitor (1893).

A coletânea inclui um texto introdutório de Achile Picchi: "Esta revisão e edição constitui-se, na qua quase totalidade, das obras já editadas e há muito fora de circulação. Foram coligidas de maneira cronológica, até onde se pode assim fazer, de modo a dar primariamente uma idéia evolutiva da linguagem gomesiana." (...) "Cremos, na verdade, ser ainda prematura a pretensão de se reunir a obra completa para canto e piano de Carlos Gomes, dada a dificuldade em se encontrar tudo o que se tem notícia." A modinha "Bela ninfa de minh'alma" é apresentada com harmonização de Achile Picchi. Ao estudioso da obra de Carlos Gomes, cumpre compará-la com a harmonização de A. Martinez Grau, "de accordo com o estilo da época", editada pela Editora Lítero-Musical Tupy, em 1948 (cat. 672). Achile Picchi suprimiu as indicações de pedal na parte do piano, tanto as originais como as das primeiras edições. Assim, essa edição tem um interesse prático; do ponto de vista musicológico, teria sido preferível a publicação de versões originais.

 

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