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N° 16 (1992: 2)


 

1822-1992: 170 anos da Independência do Brasil: Música nas relações culturais - Mundo de língua alemã/Mundo de língua portuguesa

Estudos de publicações alemãs críticas e depreciativas sobre o Brasil. Propaganda anti-imigratória.

"MINHA EXPERIÊNCIA COMO EMIGRANTE NO CENTRO E SUL DO BRASIL"
OTTO GNEIST (1925)
MEINE ERLEBNISE ALS AUSWANDERER IN MITTEL- UND SÜDBRASILIEN
(Magdeburg 1925)

 

(Excertos)

 

Rubens Borba de Moraes
"Entre os livros estrangeiros sôbre o nosso país existem alguns que foram escritos mais com o intuito de atacar e desmoralizar que criticar imparcialmente o Brasil. Muitos já foram traduzidos e publicados e não deixaram de provocar, como é compreensível, uma certa reação da parte do grande público nem sempre possuidor de serenidaade e espírito crítico suficiente para ouvir uma opinião maldosa, analisá-la e destruí-la com argumentos sérios e desapaixonados. O próprio do homem superior, isento de complexo de inferioridade, é ouvir a crítica, mesmo infundada, sem se alterar."

Carl Seidler, Dez anos no Brasil. São Paulo: Martins,1951 (Zehn Jahre in Brasilien, Quedlinburg/Leipzig, 1835)

 

A Magdeburger Kolonisten-Union entendia-se como uma sociedade que desejava congregar todos aqueles que pretendiam emigrar ou já tivessem emigrado mas que continuassem ligados com o país natal centro-alemão, assim como todos os alemães que quisessem manter contactos com parentes no Exterior ou que, retornando de estadia em outros países, desejassem transmitir experiências ganhas a outros interessados. Em conjunto com essa união, o Schallehn'schen Wirtschafts-Archiv publicou uma série de cadernos informativos, dos quais o primeiro foi o do eletricista Otto Gneist sobre o Brasil Central e do Sul e o segundo do assistente de administração de empresas Willy Kunert sobre o Norte do Brasil.

Este último caderno já alcançara uma edição de 5000 exemplares sob o título "A Morte nos Trópicos do Brasil" [Der Tod in den Tropen Brasiliens] e desejava esclarecer seriamente a juventude alemã e a todos os interessados sobre os perigos da emigração. Também o livro de Gneist é um relato de sua decepcionante e trágica experiência no Brasil e termina com graves advertências. Os interessados na emigração não poderiam contar com a ajuda de seus compatriotas no Exterior, deveriam evitar a todo o custo o Rio de Janeiro e outras cidades portuárias: "O melhor é mesmo que Você não se desespere e fique na sua pátria enquanto tiver um pedaço de pão para comer. Sem dinheiro suficiente é uma loucura emigrar! Com a sua instável economia na atualidade, o Brasil só pode ser considerado como terra de emigração para agricultores. Até mesmo famílias de sangue alemão, que já vivem há gerações no Sul do Brasil, abandonam o país!"

 
Stets herrschte reges Leben an Bord. Eine Kapelle hatte sich gebildet, welche täglich konzertierte; es wurde getanzt, Gesellschaftsspiele wurden gespielt u.a.m.

Gneist, op.cit. 7

Nessa obra destinada a desmotivar interessados, as parcas notícias relativas à música servem sobretudo para acentuar a dramaticidade do texto e ilustrar o ambivalente estado de espírito dos emigrantes. Muitos deles executavam instrumentos musicais, pois até mesmo puderam formar uma orquestra de bordo: "Sempre reinou uma agitada vida de bordo. Tinha-se formado uma orquestra, que dava concertos diários; dançava-se [...]".72 Durante a estadia em Funchal, o autor teve ocasião de observar o gosto dos madeirenses por música de cavaquinho.73

 

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