Timbre Correspondencia Euro-Brasileira

Prof. Dr. A. A. Bispo, Dr. H. Hülskath (editores) e curadoria científica
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N° 11 (1991: 3)


 

Literatura

 

Oswaldo de Souza, Música Folclórica do Médio São Francisco. Rio de Janeiro, 1980

Oswaldo de Souza Musica Folclorica do Medio Sao FranciscoDuas obras são fundamentais para o estudo da grande região cortada pelo Rio São Francisco: o livro A Língua e o Folclore da Bacia do São Francisco, de Edilberto Trigueiros (Rio de Janeiro, 1977) e o livro Música Folclórica do Médio São Francisco (Rio de Janeiro, 1980), de Oswaldo de Souza. O primeiro trabalho, que recebeu o Prêmio Sílvio Romero de 1963, inclui exemplos musicais anotados pelo próprio autor. O trabalho baseia-se em observações feitas no sertão são-franciscano durante vinte anos. Entre os principais ítens de interesse musicológico citam-se: "Aboiado", "Acalantos", "Bendito", "Caboclos", "Cantigas", "Catira", "Coco", "Desafio", "Marujos do Rosário", "Música", "Penitentes", "Reisado", "Remeiro", "Roda", "Semana Santa".

O autor é da opinião que "a música tipicamente sertaneja do Nordeste tem em si qualquer coisa que faz lembrar, por vezes, a melopéia árabe no que toca à maneira de modular a frase (...)" (pág.121). Adverte, porém:

"A música sertajena são-fraciscana pouco ou nada se assemelha ao que por ai corre estilizado com o rótulo de sertanejo." (pág.122)

O livro de Oswaldo de Souza se distingue pela quantidade de exemplos musicais. Alguns dos conceitos tratados são poucos conhecidos na literatura, por exemplo, "Manqueira", denominação de dança em compasso binário, caracterizada por "um passo mancado, meio coxo, acentuado no segundo tempo de cada compasso" (pág.309).

Particularmente notável é a menção às "Toadas dos Remeiros": "Cantavam a quatro vozes, com sutileza e fantasia; o solista era seguido pelo côro polifônico do qual se destacava uma voz muito alta, em desencontro com o resto do conjunto, como se fôse uma réplica, processo que tirava a monotonia das toadas quase sempre curtas e de melodia pouco variada." (vol II, pág. 7)

Inaceitável historicamente á a conceituação do Lundu: "Entre as danças brasileiras de origem negra situa-se o Lundu, que teve muita voga no século XIX. Inicialmente, foi considerada uma das mais indecentes dessas danças de negros, pelo jeito devasso com que os escravos a dançavam. Era tão semvergonhamente sensual que os arianos do princípio do séc. XIX a combateram sem tréguas, escandalizados com a sua coreografia desbragada." (vol. II., pág. 301)

(A.A.B.)


 

A Spanish Renaissance Songbook, edited by Charles Jacobs

The Pennsylvania State University Press, University Park and London, 1988. xii + 176 págs., ilustrações.
Do conteúdo: Introdução; A música: Luis de NArváez, 5 peças do Delphin de Musica (1538); Alonso Mudarra, 10 peças do Tres Libros de Musica (1546); 13 peças de Enríquez de Valderrábano, Silva de Sirenas (1547); 17 peças de Diego Pisador, Libro de Musica (1552); 1 peça de Juan Bermudo, Declaración de Instrumentos Musicales (!555); 13 peças de Esteban Daza, 2 de Ordóñez, 1 de Zaballos e 1 de Navarro do livro de Esteban Daza, El Parnaso (1576); Apêndice: uma versão alternativa da peça "Paseávase el Rey moro" de Narváez; Comentário, Notas, Bibliografia.

O editor abre a sua obra com a seguinte frase: "Um florescimento significante de música vocal solista ocorreu no século XVI na Espanha. Que isto é verdade torna-se claro do conteúdo das grandes coleções impressas para vihuela da época e das quais é proveniente a maioria dos cantos desta antologia".

 


 

Dante de Laytano Arquipélago dos AcoresDante de Laytano, Arquipélago dos Açores

Porto Alegre: Est-Editôra/Nova Dimensão, 1987. 488 págs.

O autor, que apresentou, em 1940, no Congresso do Mundo Português, a tese "O Português dos Açores na consolidação Moral do Domínio Lusitano no Extremo Sul do Brasil", e publicou vários trabalhos sobre a influência portuguesa no Brasil, é sócio honorário da Casa de Portugal de Porto Alegre, do Instituto Histórico da Ilha Terceira em Angra do Heroismo e do Instituto Cultural da Ilha de São Miguel, em Ponta Delgada, além de várias instituições de Portugal. Quanto à música, afirma: "Melhor do que nenhuma outra manifestação da nossa tradição popular, a música regional dos Açores define a psicologia do povo açoriano. Se a psicologia do povo açoriano é uma resultante do meio, a música regional, pode afirmar-se sem exagero, é aquilo que melhor exterioriza o espírito sentimental do povo dos Açores" (pág.341). O autor cita conferência de Antônio Emílio d‘Antes de Campos na Emissora Nacional de Lisboa a respeito da "Canção Popular Açoriana" (pág. 362 ss.). A obra manifesta a necessidade de estudos histórico-musicais mais aprofundados relativos aos Açores.

 

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