Timbre Correspondencia Euro-Brasileira

Prof. Dr. A. A. Bispo, Dr. H. Hülskath (editores) e curadoria científica
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N° 04 (1990: 2)


 

RECIFE: PROMOÇÃO DE FOLCLORE MUSICAL NO CONTEXTO DOS FESTEJOS DA PASSAGEM DO ANO

Antonio Alexandre Bispo

(Excerto)

 

Pastoril em Recife
Pastoril durante apresentação natalina na Casa da Cultura de Recife, sob o patrocínio da Diocese. (Foto A.A.Bispo-Acervo ISMPS/IBEM)
Como promoção da Secretaria de Estado da Cultura e do Departamento Municipal de Cultura, realizou-se, no pátio externo da Casa da Cultura de Recife, estabelecida no edifício da antiga cadeia, a anual série de eventos denominada "Natal Popular". Esse empreendimento visa apoiar grupos populares portadores de tradições natalinas, incentivar a formação de novos grupos, dar oportunidade de apresentação a conjuntos de bairros afastados e de outras cidades na capital e vitalizar os ameaçados festejos de dezembro e janeiro no centro da metrópole.

Entre os grupos apresentados destacam-se os pastorís "religiosos" e os pastorís "de ponta de rua" (por exemplo: Pastoril do Velho Consolo, da cidade Abreu Lima; Pastoril do Velho Frutica, etc.). Também foram incluídos grupos de iniciantes, o que indica a continuidade no cultivo dessas tradições (por exemplo o Pastoril da Associação das Mulheres do UR4).

O local de apresentações foi decorado com textos religiosos do Pe. Reginaldo Veloso, festejado autor local de músicas de igreja. O escopo educativo e cultural da promoção, em si de indubitável importância, não pôde ser infelizmente atingido pela falta de critérios de seus organizadores. A apresentação dos grupos foi entregue a representante de órgão cultural que, demonstrando absoluta falta de formação científico-cultural e de sensibilidade pelo sentido das tradições, assumiu a função de orientador de novos grupos, apresentando os componentes de "pastorís de ponta-de-rua" como mantenedores de uma "autêntica cultura brasileira" e exemplares do ponto de vista musical e coreográfico para as ingênuas meninas dos pastorís de cunho religioso. Esse evento da Casa da Cultura de Recife, em nome de uma autenticidade mal compreendida, transformou-se em absurda programação de negativos efeitos.

Ballet Popular do Recife
Praia da Boa Viagem, Recife. Apresentação do Ballet Popular do Recife com estilização de motivos folclóricos.
(Foto A.A.Bispo-Acervo ISMPS/IBEM)
Por outro lado, a apresentação do Ballet Popular do Recife na Praia da Boa Viagem, no mesmo contexto de eventos natalinos, foi expressão significativa do mais sério trabalho cultural-artístico que se faz em Pernambuco (Direção geral de André Luís Madureira, direção musical de Ant. Madureira e produção do Núcleo de Arte Popular do Nordeste).

Não sendo "autêntico", mas de inspiração e aprofeitamento folclórico com o objetivo de criar uma "ballet nacional", esse corpo de bailado fundamenta o seu trabalho de divulgação e recriação dos autos e folguedos populares do Nordeste, em particular do Estado de Pernambuco, em pesquisas do folclore vivo e aprofundadas reflexões sobre a música medieval européia. As apresentações musicais com base em instrumentos especialmente construídos para tal fim permitem reconhecer a criatividade artística associadas a uma fundamentação histórico-cultural que fazem desse empreendimento uma das mais significativas experiências culturais do Brasil.

 

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