Timbre Correspondencia Euro-Brasileira

Prof. Dr. A. A. Bispo, Dr. H. Hülskath (editores) e curadoria científica
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N° 01 (1989: 1)


 

Programa 1929
Programa inaugural dos dias de confraternização de músicos brasileiros e de língua alemã pela data comemorativa de São Paulo.
Acervo A..A.Bispo/ISMPS
Mundo de língua alemã-Mundo de língua portuguesa
Um programa permanente de estudos do ISMPS

60 anos do marco inaugural do movimento renovador

Programas de 22 a 25 de janeiro de 1929 pela comemoração da fundação de São Paulo, organizadas pela Sociedade Austríaca Donau, Schubert-Chor e Quarteto Brasil

Programa

    Situação dos estudos: Teuto-Brasilianística
    Problemas historiográficos
    Correntes e perspectivas externas e internas
    Perspectivas particulares e distorções do panorama histórico. A questão da justiça na Historiografia das relações teuto-brasileiras
    Instituições e personalidades: Contextos históricos e sociais
    Recuperação de fios históricos
    Levantamento das iniciativas atuais nos centros de língua alemã no Brasil
    Viagem do ISMPS aos estados de Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul

Agradecimentos

    Fundação Cultural de Joinville
    Arquivo Histórico de Joinville
    Museu Nacional de Imigração e Colonização, Joinville
    Entidades de Blumenau, Brusque, Itajaí, Nova Petrópolis, São Leopoldo
    Arquivo do Estado de São Paulo
    Sociedade Bach de São Paulo

 

Antonio Alexandre Bispo

(Excerto)

 

Francisca Carolina
Princesa Francisca Carolina, filha de D. Pedro I e D. Leopoldina, Arquiduquesa da Áustria, casada com François Ferdinand Phillipe de Joinville
A "Cidade dos Príncipes" destaca-se, através das atividades de sua Fundação Cultural e do Arquivo Histórico, por exemplar interesse pela história local da música. Expressão dessa atitude de responsabilidade pela cultura da cidade foi uma exposição realizada nos últimos anos (1987) de fotografias raras de grupos corais, de câmara e dramáticos do passado da região, assim como de obras de compositores locais. Espera-se que o material coletado possa dar origem a futuros estudos e receber maior divulgação.

Elly HerkenhoffA obra "Era uma vez um simples caminho..." de Elly Herkenhoff (Joinville: Fundação Cultural, Arquivo Histórico, 1987, 225 pp., bibliografia, relação de fontes primárias utilizadas) oferece dados de interesse para o estudo da história da música na região e da atividade musical de emigrantes alemães e austríacos no Brasil. Principalmente os capítulos "Harmonie-Gesellschaft", "Nossos corais, ontem e hoje", "Musikverein Lyra", "A Liga de Sociedades", "Yara: uma ópera Joinvilense" oferecem valiosos subsídios.

"Yara" foi composta por Josef Prantl ("Pepi" Prantl, Schwaz/Tirol, 1896-Bludenz, 1951), ativo no Brasil e na Europa e cujas obras devem vir a ser alvo de maior atenção. Prantl chegou a Joinville em 1929, numa época de especial florescimento da vida cultural da cidade. Já trazia várias composições (opereta "Die Zwillinge"). Nesse mesmo ano apresentou-se como pianista acompanhador do violinista joinvilense Evaldo Mueller na cidade de Hansa (Corupá). Em 1930 fundou o Conservatório Prantl-Mueller, regeu o primeiro concerto sinfônico na Liga de Sociedades, assumiu a direção do coral "Concórdia" em substituição a Albino Kohlbach e atuou pela primeira vez como regente da principal entidade local, a Sociedade "Harmonia-Lyra".

No início dos anos 30 realizou concertos de suas próprias obras em Joinville e em Curitiba, nos quais apresentou quatro trechos da ópera "Yara" cantados por Lotte Prantl e Hedwig Schlemm Pfützenreuter, cantora de Joinville formada na Alemanha.

O libreto, de autoria de Otto Adolf Nohel (†1932), tratava do amor de um garimpeiro alemão (Rolf) por uma índia recolhida na colônia alemã durante um ataque de "bugres". "Yara" morre finalmente pelas balas do pai da noiva alemã de Rolf, de nome "Maia". O libreto revala, portanto, um claro objetivo de comparação da concepção européia da "Maia" com a sua forma "Yara" do Brasil e assime especial interesse para estudos relacionados com as tradições populares da "Mãe das Águas".

A 17 de janeiro de 1936 encenou-se a ópera em Joinville com intérpretes locais, com coros das sociedades "Sängerbund-Concórdia" e "Helvetia" e orquestra formada por elementos da Sociedade "Harmonia-Lyra", da Orquestra de Curitiba e da Banda do 13° Batalhão de Caçadores. No mesmo ano repetiu-se a encenação em Curitiba. O autor, desejando levar a ópera em palcos europeus, partiu de Joinville em 1936. A situação na Áustria e na Alemanha e a Seguinda Grande Guerra impediram tal realização. (op. cit. 205-211)

BREVE CRONOLOGIA: HISTÓRICO DO PROJETO
"MUNDO DE LÍNGUA ALEMÃ-MUNDO DE LÍNGUA PORTUGUESA" DO ISMPS

1969: Reinício do movimento renovador e integrador na tradição de Martin Braunwieser. Trabalhos do Centro de Estudos em Musicologia da Sociedade Nova Difusão

1971: Conferência/concerto ND com obras da música contemporânea alemã em primeira audição no Brasil. Necessidade da consideração das correntes históricas teuto-brasileiras nos estudos culturais e na historiografia da música do Brasil:

    "O Brasil recebeu, desde o século passado, levas de imigrantes provenientes de várias regiões da Alemanha. Temos regiões e até mesmo estados que trazem a marca profunda dos aportes culturais dos imigrantes. Possuem coros, orquestras e grupos de câmara. Os nossos livros de história da música, porém, praticamente os ignoram. O que é mais grave, porém, é que os nossos pesquisadores da cultura, do nosso folclore, quase que não os consideram. Partidmos ainda da idéia nacionalista de que a cultura desses imigrantes tem apenas um valor de curiosidade no estudo da cultura nacional, que ela constitui, na verdade, um elemento estranho e perigoso na unidade cultural da nação e que o único caminho é a sua integração. Só agora passamos a ver gradativamente a situação desses grupos populacionais e de seus descendentes sob um outro ponto de vista, no qual a sua cultura não representa um perigo, mas sim um enriquecimento para o país no seu todo. (...) Queremos salientar a nossa intenção de criarmos uma rêde de contactos pessoais e institucionais" para o (...) estudo da cultura e da música dessas regiões e, em geral, de todas as questões relacionadas com o intercâmbio entre os países de fala germânica e o Brasil no passado e no presente."

    A.A.Bispo, "Uma importante área de estudos: A música nas relações germânico-brasileiras", São Paulo, Conservatório Musical do Jardim América, Sociedade Nova Difusão Musical, 1971



1974: Reinício dos trabalhos na Europa na tradição de Martin Braunwieser. Contactos da Sociedade Bach de São Paulo com instituições de Lüneburg e Salzburg

1981: Erste Deutsch-Brasilianische Musikwoche. Leichlinger Musikforum

1985: Beitrag des ISMPS zum 25-jährigen Bestehen der Deutsch-Brasilianischen Gesellschaft, Bonn

    "Alemães atuaram de forma marcante no desenvolvimento da música de banda, dos coros, da prática camerística e da organização da vida musical no Brasil. Compositores brasileiros receberam relevantes incentivos de músicos de origem alemã, o que influenciou o desenvolvimento estilístico da música do Brasil. (...) A pesquisa das relações musicais teuto-brasileiras não se restringe, portanto, à constatação do cultivo contínuo do canto popular alemão e das danças típicas, não se limita ao acordeão, tão popular no Brasil, nem ao registro dos muitos músicos de origem alemã que atuaram no Brasil, das obras de compositores alemães executadas no país ou das numerosas instituições da vida de concertos e da educação musical que se destacaram na difusão de obras e idéias de compositores alemães. Não, a pesquisa das relações teuto-brasileiras confronta-se com uma problemática muito mais complexa e fascinante. (...) "

    "Deutsche wirkten maßgeblich bei der Entwicklung des Blasmusikwesens, der Chorpflege, der Kammermusikpraxis und bei der Organisation des Musiklebens in Brasilien mit. Von Musikern deutscher Abstammung erhielten die brasilianischen Komponisten wichtige Anregungen, die die weitere Stilentwicklung der Musik Brasiliens beeinflußten. (...) Die Untersuchung der deutsch-brasilianischen Musikbeziehungen erschöpft sich also nicht in der Feststellung einer kontinuierlichen Pflege des deutschen Volksliedes und -tanzes in Brasilien, der Übernahme des in der brasilianischen Volksmusik so beliebten Akkordeons, auch nicht in der Aufzählung der vielen Musiker deutscher Herkunft, die in Brasilien gewirkt haben, der Werke deutscher Komponisten, die in Brasilien aufgeführt wurden, der zahlreichen Institutionen des Musiklebens und der Musikerziehung, die sich für die Verbreitung der Werke und Musikauffassungen deutscher Komponisten ausgezeichnet haben. Nein, die Untersuchung der deutsch-brasilianischen Musikbeziehungen sieht sich mit einer viel komplexeren und auch faszinierenden Problematik konfrontiert. "

    A.A.Bispo, "Der deutsche Beitrag zur Musikkultur Brasiliens", Vortrag zum 25-jährigen Bestehens der Deutsch-Brasilianischen Gesellschaft, Bonn, 1985)

 

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