Timbre Correspondencia Euro-Brasileira

Prof. Dr. A. A. Bispo, Dr. H. Hülskath (editores) e curadoria científica
© 1989 by ISMPS e.V. © Internet-edição 1999 by ISMPS e.V. © 2006 nova edição by ISMPS e.V.
Todos os direitos reservados


»»» impressum -------------- »»» índice geral -------------- »»» www.brasil-europa.eu

N° 01 (1989: 1)


 

Francisco Xavier
Francisco Xavier S.J., o missionário da Índia e do Extremo Oriente. Sé de Salvador, Bahia (Foto A. A. Bispo - Acervo ISMPS/IBEM)
Oriente/Ocidente & Brasil:
Cultura musical e Espírito
Um programa de estudos permanente do ISMPS

2. Seção: Extremo Oriente-Ocidente

Balanço de 20 anos (1969: Sabará, Minas Gerais)


Vínculos evidentes e subjacentes

Da perspectiva do idioma
Lusofonia e canto no Oriente

Programa

    Situação dos estudos culturais do Oriente contactado pelos portugueses
    Fontes documentais para o estudo da música do antigo Oriente português
    Interdisciplinaridade: Musicologia, linguística, lusitanística comparada
    Situação dos estudos das relações Brasil-Extremo Oriente:

Agradecimentos

    Centro de Estudos Históricos Ultramarinos, Lisboa
    Erzbischöfliche Diözesan-und Dombibliothek, Köln
    China-Zentrum, St. Augustin
    Archivio e Biblioteca della Congregazione per l'Evangelizzazione dei Popoli
    Profa. Graciete Nogueira Batalha

 

Antonio Alexandre Bispo

(Excertos)

 

Fontes histórico-musicais das relações entre Portugal e o Extremo Oriente
Uma primeira consideração sistemática

Os primeiros contactos dos portugueses com os habitantes do Extremo Oriente foram acompanhados por música. Na chegada a Malaca (1511), que saudaram com salvas de artilharia, os portuguesesencontraram no porto três navios chineses ancorados, cujo capitão dirigiu-se à nave portuguesa ao som de um instrumento desconhecido dos europeus. Era provavelmente o órgão bucal Sheng ("uas gaitas da feição de charamellas"), um instrumento que causou uma boa impressão aos portugueses ("que tangiam bem"). Estes receberam-nos com trombetas e tiros de artilharia. Na obra de Damião de Góis, no contexto da conquista de Malaca por Afonso de Albuquerque, são citados pela primeira vez instrumentos da Indonésia, presenteados por um soberano de Iaoa (Java): além de atabales, dois sinos grandes, tocados em ações de guerra ("dous sinos grandes cõ q tange(m) na guerra"), assim como 20 sinos pequenos, tocados por fora ("vinte pequenos de musica que se tangem todos pela bãda de fora"). (...)


Zu den ersten Quellen der Musikgeschichte luso-fernöstlicher Beziehungen
Eine erste systematische Untersuchung

Der erste Kontakt der Portugiesen mit Menschen aus dem Fernen Osten wurde musikalisch geprägt. Bei ihrer Ankunft in Malakka (1511), das sie mit Artilleriesalven grüßten, trafen sie im Hafen drei chinesische Schiffe vor Anker liegend an, deren Kapitän sich zu dem Schiff der Portugiesen begab, wobei ein den Portugiesen unbekanntes Instrument - höchstwahrwscheinlich die Mundorgel Sheng - ("uas gaitas da feição de charamellas" gespielt wurde, was bei den Portugiesen, die die Chinesen mit trombetas und Artillerieschüssen empfingen, einen guten Eindruck hinterließ ("que tangiam bem"). In dem Werk Damião de Góis werden im Zusammenhang mit der Eroberung Malakkas durch Afonso de Albuquerque erstmals Musikinstrumente Indonesiens erwähnt, die ein König von Iaoa (Jawa) jenem schenkte: außer atabales zwei große Glocken, die bei Kriegshandlungen gespielt wurden ("dous sinos grandes cõ q tange(m) na guerra") sowie 20 kleine, die von außen her geschlagen wurden ("vinte pequenos de musica que se tangem todos pela bãda de fora"). (...)

A. A. Bispo, Abertura dos trabalhos/ Zur Eröffnung der Arbeiten (Die ersten Nachrichten zur Musik in den portugiesischen Kontakten im Fernen Osten, 1983, veröff. 1987/88)

 

Graciete Nogueira Batalha MalacaMalaca: Cantos populares em Papiá cristão

Em Malaca, ca. 2800 pessoas ainda falam o português (crioulo português, língua cristã ou papiá cristão) segundo pesquisas de Graciete Nogueira Batalha (Malaca: O Chão do Padre e seus moradores "portugueses", 2.a Ed., Macau, 1986). A autora, conhecida pelos seus numerosos trabalhos, em especial pelo artigo "O inquérito linguístico boléo em Malaca" (Biblos 62, Coimbra), realizou suas investigações em 1974 e em 1983.

Malaca foi ocupada pelos portugueses (1511), pelos holandeses (1641) e pelos inglêses (1824); chineses e indianos misturaram-se também com os malaios. Os malaqueiros de língua portuguesa emigraram para outras regiões (Kuala-Lumpur, Penang, Johor, Taiping) e levaram suas tradições.

A pesquisadora realizou gravações de cantos infantís e cantigas de origem portuguesa ("Malhão", "Passarinho Verde"), assim como cantos sacros ("Salvé Rainha") cantados em crioulo: "Nos tá cantá, oh Maria / Anjo di raínia / Tá cantá com alegria / Na péo de Virgem Maria / Salve Raínia / Oh rogá per os! / Juda ng compínia/ Com tudo pescador / Roga nós reza ozindia / Oh salvé Raínia/ Lembrança di cada dia / Abri mám mia mai Maria (op. cit. pág. 60).

 

Um documento da língua cantada em Málaca (1548)

"Los hijos de los portugueses y muchas hijas, esclavos y esclavas saben ya toda esta doctrina, y tienen por costrumbre de noche en casa de dizerla cantando, que, yendo de noche después del Ave Maria por la ciudad holgaran de oír en una casa y en otra dizer la doctrina y la declaración de los articolos de la fee la qual construmbre le dexó el nuestro Padre maestro Framcisco; y andan tan encendidos en esto que por las calles y por onde van, van cantando y loando (...)"

Francisco Pérez SJ

 

zum Index dieser Ausgabe (Nr. 01)/ao indice deste volume (n° 01)
zur Startseite / à página inicial