Timbre Correspondencia Euro-Brasileira

Prof. Dr. A. A. Bispo, Dr. H. Hülskath (editores) e curadoria científica
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N° 01 (1989: 1)


Teatro Funchal
Teatro Balthasar Dias, Funchal (Foto A . A. Bispo, acervo do ISMPS/IBEM)
Bolsa de Cafe de Santos

Música em contextos culturais do Ocidente: Mediterrâneo/Atlântico
Um programa de estudos permanente do ISMPS

Madeira-Brasil

Comemorações do acordo de geminação Funchal/Santos e dos 100 anos do Teatro Balthasar Dias
Homenagem a Luiz Peter Clode


Programa de atividades na Madeira e em Santos

Agradecimentos

    Presidente da Câmara de Funchal
    Diretoria do Conservatório Musical da Madeira
    Teatro Balthazar Dias
    Biblioteca da Região Autónoma da Madeira
    Museu de Arte Sacra
    Igreja do Monte

    Prefeitura Municipal de Santos
    Museu de Arte Sacra de Santos
    Museu/Exposição Companhia das Docas de Santos
    Bolsa do Café de Santos

Ciclo de estudos do ISMPS em Colonia

    Obras de César Figueira, M. de Lourdes de Oliveira Monteiro dos Santos, Abel Marques Caldeira, Alberto Artur Sarmento, Visconde do Porto da Cruz, Carlos M.Santos, Manoel Ferreira Pio, Eduardo Antonio Pestana
    Áudio-Visual: Madeira - Natureza, Cultura e Música

Salão nobre da Bolsa de Café de Santos

 

Antonio Alexandre Bispo

(Excertos)

 

100 Anos do Teatro Municipal Balthazar Dias

Por ocasião dos 100 anos do Teatro Municipal Baltazar Dias (1888-1988), a Câmara Municipal de Funchal lançou uma publicação comemorativa organizada por Luís Francisco de Sousa Melo e Rui Carita. A publicação inclui os seguintes artigos:
1) O Teatro na Madeira; Autores Teatrais: Baltazar Dias, Francisco de Vasconcelos, José Anselmo Correia Henriques, Manuel Pimenta de Aguiar; Os Teatros de Funchal: o Teatro Grande, Theatro do Bom Gosto, O Teatro Concordia, Teatro Esperança.
2) O Teatro Municipal: A Construção do teatro, O Teatro D. Maria Pia, O Teatro Funchalense, O Teatro Dr. Manuel de Arriaga, O Teatro Baltazar Dias. Catálogo de obras expostas

As representações teatrais na Madeira devem ter sido introduzidas pelos primeiros povoadores, por volta de 1420 a 1425. Como reminiscências de antigos autos, ficaram na Ilha até o presente as representações de Natal, com as recitações do "Pensar o Menino". Na obra são citados documentos relativos a representações dramáticas no século XVI e fornecidos dados sobre a história da ópera e do drama nos séculos seguintes. Ela inclui programas organizados pela Sociedade de Concertos Sinfônicos.


Conservatorio da Madeira
Conservatório da Madeira
(foto A.A.Bispo, acervo do ISMPS/IBEM)
Conservatório de Música da Região Autónoma da Madeira
Homenagem: Luiz Peter Clode

O Conservatório de Música da Região Autónoma da Madeira, em Funchal, é hoje uma instituição de ensino artístico com centenas de alunos e excelentemente instalado e situado. A sua diretora é a pianista madeirense Inês Clode, filha do compositor Luiz Peter Clode.

 

Joao Victor Costa Oferecida no encontro no Conservatório de Música da Madeira:
"Odes anacreônticas" para canto e piano de João Victor Costa (versos de Manuel Maria Barbosa du Bocage).

A obra consta de 5 partes:
I. A Borboleta
II. O Amor queixando-se a Venus
III. A Marília
IV. A Amarilis
V. A Isabela.

 

Luiz Peter Clode

Engenheiro e compositor, Luiz Peter Clode nasceu na Freguesia de Santa Luzia no Funchal a 1 de abril de 1904. Foi aluno do Liceu Jaime Diniz daquela cidade e matriculou-se, em 1921, na Faculdade de Matemática da Universidade de Coimbra. Formou-se em Engenharia Mecânica e Eletrônica pela Faculdade de Engenharia do Porto e foi professor dos Colégios Almeida Garrett, Grande Colégio Boa Vista e Instituto Dumont.

Ao lado de suas atividades profissionais dedicou-se sempre à música, exercendo um papel de importância na organização da vida musical fuchalense. Com a colaboração do seu irmão, Dr. William Edward Clode, teve a inicitiava de fundar a Sociedade de Concertos da Madeira, em 1943. Essa sociedade promoveu numerosas apresentações de artistas locais e internacionais, entre outros, de Silva Pereira, Isaura P. de Magalhães e José E. Lisboa (1946), de Leopoldo Querol (1949), de Ginette Doyen e Jean Fournier, Reinhard Wolf e Maria Campina, Janine Dacosta e Trio Lamy Reis, Sérgio Varela Cid (1950), Victor Schöler, Winfried Wolf e Benno Mosewitsch (1951). O trabalho da Sociedade atingiu um ponto culminante com a apresentação da Orquestra Sinfónica da Emissora Nacional dirigida por Frederico de Freitas, em 1959. Sérgio Varela Cid apresentou-se mais uma vez em 1962, Daniel Domb em 1964 e Albert Markov em 1965.

Por proposta sua e de William E. Clode feita ao Conselho Diretivo da Sociedade de Concêrtos da Madeira, fundou-se a Academia de Música da Madeira, em 1946. Deu início, em 1956, ao Departamento de Belas Artes (Pintura e Escultura) dessa institução, que passou a denominar-se oficialmente Academia de Música e Belas Artes da Madeira, e cujos exames foram equiparados com os realizados no Conservatório Nacional e nas Escolas Superiores de Belas Artes de Lisboa e do Porto. Na Academia de Música formaram-se musicistas madeirenses de renome, como Angela Gouveia, Inês Clode e Madalena Gonçalves. L. P. Clode foi fundador e editor da revista "Das Artes e da História da Madeira", lançada em 1950.

Entre suas composições contam-se várias obras religiosas e profanas. Muitas delas foram incluidas em programas de artistas de renome internacional que atuaram para a Sociedade de Concêrtos da Madeira e divulgadas em emissões de rádio. As suas obras impressas são: Tantum ergo op. 10, Canto de Amor op. 23 (editado em 1944), Fantasia N° 1 op. 12 (1947) e Fantasia N° 2 op. 31.

Canto de Amor Luiz ClodeAs composições de L.P. Clode podem ser consideradas como representativas da vida cultural e social de elevado refinamento da Ilha da Madeira na primeira metade do século XX. Já nos séculos anteriores, principalmente a partir de meados do século XIX, a Ilha havia-se transformado, pelo seu clima ameno e pelas suas paisagens, em importante centro turístico de círculos da alta sociedade européia. Representantes de casas reinantes, nobres ou da alta burguesia, escritores e pintores, principalmente inglêses, franceses e alemães passaram longas temporadas na "Ilha das Flores", "Ilha dos Amantes" ou "Pérola do Atlântico". Na ilha estiveram, por exemplo, a rainha Adelaide, viúva de Guilherme IV, em 1847, o Príncipe Alexandre dos Países Baixos, em 1848, assim como a Imperatriz Amélia do Brasil, Elisabeth da Áustria e o Imperador Maximiliano do México. Em 1922 faleceu no exílio da Ilha da Madeira o último imperador da Áustria e rei da Hungria e Boêmia, Carlos I.. Centros de vida cultura, familiar e social foram sobretudo os salões das quintas, que até hoje guardam recordações dessa época. O "Canto de Amor" op. 23 de L. Clode recorda, por exemplo, a Quinta Gertrudes.

As composições de L. P. Clode revelam a importância da recepção estética do repertório pianístico do século XIX na Ilha da Madeira. Dentre as suas mais significativas composições destaca-se, nesse sentido, a "Valsa de Concerto op. 19".

Fantasia 2 Luiz ClodeA sua "Fantasia N° 2" é vista pelo autor expressamente como uma "recordação de Liszt".

Entre as obras de L. P. Clode não impressas, destacam-se: Poema Musical N° 1 op. 38, Poema Musical N° 2 op. 39, Prière op. 43, Canção sem palavras N° 1 op. 45, Mágoa op. 46 (1973), Prelúdio N° 1 op. 51, Improptu N° 2 op. 60, Canção sem palavras N° 2 op. 61, Prelúdio N° 3 op. 62, e Canto de Amor N° 2 op. 64 (1977). Já os títulos dessas peças mostram que o compositor permaneceu fiel a uma tradição compreendida como romântica. A música de L.P. Clode só pode ser considerada justamente se vista no ambiente cultural em que foi criada e segundo critérios adequados, critérios esses que foram orientados por uma concepcão de cultura entendida como cultivo da sensibilidade.

A consideração da música do início do século XX exclusivamente segundo critérios válidos para países da Europa Central e poucos outros centros de excepcional relêvo relega grande parte da prática composicional no mundo de língua portuguesa à categoria de epigonalismo. Aqui cumpre uma necessária revisão de critérios, já que a valorização do passado musical assume importância para a própria identidade cultural das diferentes comunidades.

Segue o início da Fantasia N° 1 op. 12 de L.P. Clode.

Luiz Clode Fantasia 1

 

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